RAZÕES PARA CASAR
Um casamento jamais será opressivo (ou torturante) — se os casais abdicarem da sua tão querida liberdade pessoal. Suprimida esta, preferencialmente de forma consensual, a harmonia se instala na relação. O sentimento de opressão só advirá se pelo menos um dos parceiros continuar amante da liberdade. Afinal, ninguém se casa para ficar mais livre. Seria uma contradição... Nesse sentido, requer-se apenas uma verificação do custo/benefício: quanto perco da minha liberdade pessoal — e quanto posso ganhar em outros campos. Quanto prazer pode me dar uma possível reclusão. Quanta segurança. Quanta garantia. Quanto sossego. Quanta tranquilidade. A gaiola é bonita? Tem comida? São essas algumas das questões que se podem levantar para entender uma relação de amor.
Toda relação é restritiva — por definição. O que varia é o grau de restrição e os propósitos mútuos dos que se relacionam. Mesmo as relações comerciais são restritivas, posto que fundadas em mútuas concessões. Eu te dou um desconto — e você só compra de mim. No casamento ocorre a mesma coisa. Eu tolero a tua cerveja e o futebol, e você não reclama por me ver descabelada. Eu só transo com você, e você não sai com mais ninguém. Você me dá um desconto, que eu te pago à vista. E por aí vai.
É uma troca, simplesmente.
Também influem os objetivos imediatos ou remotos de cada um, além da sua (i)maturidade emocional. Emprego está difícil, vou me casar. Quero ter um filho, e preciso de alguém que o produza, eduque, ou sustente. Quero sair da casa dos meus pais. Quero morar com meu atual namorado ou namorada. Quero alguém para ser a projeção da minha mãe. Quero ajudar alguém. Quero que alguém me ajude. Quero ter a chance de exercer minhas ganas autoritárias. Quero constituir uma família. Quero ser respeitável. Quero voltar a ser santa. Quero uma empregada doméstica. Quero seguir a tradição. Enjoei do meu estado civil original. Quero reproduzir a relação dos meus pais, exatamente igual — ou corrigindo-a. Quero mudar de vida. Quero melhorar a vida. Estou apaixonada. Quero desperdiçar minha vida. Cansei de ser livre. Quero me regenerar. Quero fazer uma grande besteira. Quero fazer uma besteira monumental. Nosso casamento será diferente. Quero fazer amor todo dia. Quero ser feliz. Quero engordar. Quero foder a minha vida sexual... Etc.
Como se vê, razões para casar é o que não falta.
Porém, no casamento tradicional, fechado e monogâmico, há quase sempre um componente meio maldoso que, contraditoriamente, estraga muito a relação — exatamente para tentar mantê-la em pé: ou seja, o ciúme. Mas aí já é outra história. /// No livro Solidão a Mil eu escrevo algo mais sobre essa minha tese.
Texto originalmente publicado em Abril de 2008 - Guarujá, quando eu estava reformatando meu quinto casamento. Em verdade, refinando a relação. Para que aquele amor não morresse no Pico. Como aliás não morreu, posto que cada um de nós prosseguiu, livremente, no seu respectivo e amoroso caminho florido.
Toda relação é restritiva — por definição. O que varia é o grau de restrição e os propósitos mútuos dos que se relacionam. Mesmo as relações comerciais são restritivas, posto que fundadas em mútuas concessões. Eu te dou um desconto — e você só compra de mim. No casamento ocorre a mesma coisa. Eu tolero a tua cerveja e o futebol, e você não reclama por me ver descabelada. Eu só transo com você, e você não sai com mais ninguém. Você me dá um desconto, que eu te pago à vista. E por aí vai.
É uma troca, simplesmente.
Também influem os objetivos imediatos ou remotos de cada um, além da sua (i)maturidade emocional. Emprego está difícil, vou me casar. Quero ter um filho, e preciso de alguém que o produza, eduque, ou sustente. Quero sair da casa dos meus pais. Quero morar com meu atual namorado ou namorada. Quero alguém para ser a projeção da minha mãe. Quero ajudar alguém. Quero que alguém me ajude. Quero ter a chance de exercer minhas ganas autoritárias. Quero constituir uma família. Quero ser respeitável. Quero voltar a ser santa. Quero uma empregada doméstica. Quero seguir a tradição. Enjoei do meu estado civil original. Quero reproduzir a relação dos meus pais, exatamente igual — ou corrigindo-a. Quero mudar de vida. Quero melhorar a vida. Estou apaixonada. Quero desperdiçar minha vida. Cansei de ser livre. Quero me regenerar. Quero fazer uma grande besteira. Quero fazer uma besteira monumental. Nosso casamento será diferente. Quero fazer amor todo dia. Quero ser feliz. Quero engordar. Quero foder a minha vida sexual... Etc.
Como se vê, razões para casar é o que não falta.
Porém, no casamento tradicional, fechado e monogâmico, há quase sempre um componente meio maldoso que, contraditoriamente, estraga muito a relação — exatamente para tentar mantê-la em pé: ou seja, o ciúme. Mas aí já é outra história. /// No livro Solidão a Mil eu escrevo algo mais sobre essa minha tese.
Texto originalmente publicado em Abril de 2008 - Guarujá, quando eu estava reformatando meu quinto casamento. Em verdade, refinando a relação. Para que aquele amor não morresse no Pico. Como aliás não morreu, posto que cada um de nós prosseguiu, livremente, no seu respectivo e amoroso caminho florido.
Hoje acordei de manhã, esparramado na sala depois de ver o começo de um filme, e havia uma Mulher me acariciando, emoldurada, pertinho do meio copo de vinho vermelho caído no chão que esqueci de tomar, entusiasmada, segurando uma bacia de girassóis. Essa Mulher, que nunca vi triste, que incentivou sempre todos os meus amores, me inspira suspirando, me aceita como sou — e me diz, toda hora, que o verdadeiro amor é a união de duas espontaneidades, a fusão desgovernada de dois devaneios. Me ama, eu sei, mas antes de me amar, sei que ama o infinito absoluto onde eu danço as minhas próprias escolhas profundas.
Desde que nasci, essa mulher me alimenta de leite, amor, vitaminas, desapego, matemática, feijão, arroz e liberdade. Achava melhor ensinar-me a ser homem do que pregar-me um botão. Toda noite me contava histórias pra que eu não dormisse. Cantava o Kyrie Eleison como se fosse uma canção de ninar pelo avesso. Jamais quebrou as lanças da minha ousadia, nem pensou em cortar-me as asas de pássaro livre. Ainda me ampara com firmeza, sustenta-me a alma e me aplaude as loucuras.
Mil quilômetros nos separam hoje, mas sei que Ela me ama da única forma que uma mãe ama seu filho: incondicionalmente. A recíproca também é verdadeira. Então dou um beijo na boca da foto, me viro de lado e volto a ver Kurosawa. Quero sonhar com Van Gogh de novo. E, porque sou produto escandaloso de uma deliciosa mitologia grega, sonharei com Freud também, naturalmente.
O texto acima eu escrevi em 2005, numa manhã ensolarada de domingo, no Guarujá, quando acordei e vi uma foto Dela ao meu lado, num quadrinho de moldura dourada:
Click na imagem para ver o que
Esta ideia de escrever uma biografia do meu Pai é antiga. Mas só agora, em 2024/2025, estou cuidando melhor disso. Pelo material que já tenho escrito, o livro terá cerca de 240 páginas. Como ainda preciso acrescentar muita coisa, talvez eu opte por dois volumes de 160 páginas.
O prefácio poético talvez seja escrito por minha Vó Vitalina.
O lançamento está previsto para setembro de 2026.
Ainda vou acrescentar muitas lembranças da minha Mãe, dos meus irmãos, e de parentes, como os tios e tias. Cunhados, não! Mas teremos depoimentos dos vizinhos, dos principais amigos e também dos amores. E, claro, da Vó Vitalina.
Click acima para ver detalhes
Não tenho filhos, porém, uma filha linda como a Lunna seria muito interessante.
ELOGIOS E CRÍTICAS
Algumas considerações sobre os meus pontos de vista
Como toda pessoa com posições seriamente democráticas — no sentido grego da expressão — eu aceito tanto as críticas positivas quanto as negativas a respeito do que sou, do que penso, e do que faço. Todas elas são, por definição, simples manifestações de opinião — e todas, por isso mesmo, igualmente passíveis de serem verdadeiras ou falsas. Com base nessa premissa tão elementar eu concluo que seria irracional privilegiar umas em detrimento das outras.
Embora (como para todo mundo, suponho) certos elogios me sejam mais agradáveis do que as críticas negativas, costumo ver nestas um sinal — e acabo valorizando-as até mesmo um pouco acima daqueles. Primeiro, e só para efeitos de raciocínio, suponho-as desinteresseiras e com algum valor de verdade. Procuro entendê-las no contexto, racionalmente, a partir de uma certa e segura distância brechtiana. Se ocorre não concordar com algumas delas, mas se também consigo refutá-las com sucesso — ainda que apenas mentalmente — deixo-as de lado, e sigo em frente no que faço, no que sou e no que penso, livremente.
Decididamente.
Porém, se tais críticas são bem formuladas e tocam meu coração de alguma forma; se perdura em mim uma certa sensação de que as mereço realmente — não as desprezo, não as esqueço, nem tento desqualificá-las de modo algum. Então, nesse caso, a partir delas e sensatamente, procuro tomar providências, mudar concepções, aprimorar o que faço e melhorar o que sou — como ser humano, como filho, amigo, amor, amante ou companheiro de jornada.
O mesmo raciocínio vale para os meus textos e poemas. Para as paredes que eu desenho, as fotos que eu faço, as relações que mantenho, os projetos que apresento, os pratos que eu cozinho, as idéias que proponho, as atitudes que tomo, e os livros que eu escrevo.
Claro que vale também para essas múltiplas gostosuras que vivo compartilhando com todos os meus amores principais.
Essa abertura poética na cabeça dançante é que torna minha vida uma aventura inesquecível.
Extraordinária.
E finalizo com um breve texto que escrevi em 1984 — inspirado por Nietzsche — logo após terminar minha primeira leitura do seu genial livro Assim Falava Zaratustra:
Não existam verdades definitivas, inquestionáveis. O que existe são interpretações elaboradas sobre determinados aspectos da realidade — comprováveis ou não — mas necessariamente condicionadas pelo ponto de vista, pelos interesses, pela visão do mundo, e pela capacidade intelectual de quem as propõe.
Algumas considerações sobre os meus pontos de vista
Como toda pessoa com posições seriamente democráticas — no sentido grego da expressão — eu aceito tanto as críticas positivas quanto as negativas a respeito do que sou, do que penso, e do que faço. Todas elas são, por definição, simples manifestações de opinião — e todas, por isso mesmo, igualmente passíveis de serem verdadeiras ou falsas. Com base nessa premissa tão elementar eu concluo que seria irracional privilegiar umas em detrimento das outras.
Embora (como para todo mundo, suponho) certos elogios me sejam mais agradáveis do que as críticas negativas, costumo ver nestas um sinal — e acabo valorizando-as até mesmo um pouco acima daqueles. Primeiro, e só para efeitos de raciocínio, suponho-as desinteresseiras e com algum valor de verdade. Procuro entendê-las no contexto, racionalmente, a partir de uma certa e segura distância brechtiana. Se ocorre não concordar com algumas delas, mas se também consigo refutá-las com sucesso — ainda que apenas mentalmente — deixo-as de lado, e sigo em frente no que faço, no que sou e no que penso, livremente.
Decididamente.
Porém, se tais críticas são bem formuladas e tocam meu coração de alguma forma; se perdura em mim uma certa sensação de que as mereço realmente — não as desprezo, não as esqueço, nem tento desqualificá-las de modo algum. Então, nesse caso, a partir delas e sensatamente, procuro tomar providências, mudar concepções, aprimorar o que faço e melhorar o que sou — como ser humano, como filho, amigo, amor, amante ou companheiro de jornada.
O mesmo raciocínio vale para os meus textos e poemas. Para as paredes que eu desenho, as fotos que eu faço, as relações que mantenho, os projetos que apresento, os pratos que eu cozinho, as idéias que proponho, as atitudes que tomo, e os livros que eu escrevo.
Claro que vale também para essas múltiplas gostosuras que vivo compartilhando com todos os meus amores principais.
Essa abertura poética na cabeça dançante é que torna minha vida uma aventura inesquecível.
Extraordinária.
E finalizo com um breve texto que escrevi em 1984 — inspirado por Nietzsche — logo após terminar minha primeira leitura do seu genial livro Assim Falava Zaratustra:
Não existam verdades definitivas, inquestionáveis. O que existe são interpretações elaboradas sobre determinados aspectos da realidade — comprováveis ou não — mas necessariamente condicionadas pelo ponto de vista, pelos interesses, pela visão do mundo, e pela capacidade intelectual de quem as propõe.
A vida é uma aventura extraordinária.
Meu poema Mude no comercial da Fiat.
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A seguir, alguns links para ler sobre
instagram.com/edmalux
O que será que tem atrás daquela porta?
A janta maximalista de hoje no Gaúcho.
31.01.25.